Exercício Físico e Hipertensão


O exercício físico deve ser entendido como um adjuvante no tratamento da hipertensão arterial e não um substituto de qualquer terapêutica, mas quando bem realizado, leva mesmo à diminuição de gastos pelo menor consumo de fármacos e terapêuticas de reabilitação (Henriques e Aroso, 2003).

Os benefícios indiretos relacionam-se com os aspectos psicossociais. O alívio da tensão e da ansiedade obtido pela atividade física regular resultante numa sensação de bem-estar benéfica e resultará em maior capacidade de trabalho e melhoria da qualidade de sono e apetite (Silva, 2001).

O exercício físico regular é uma excelente arma terapêutica anti-hipertensiva, não farmacológica e um factor de adesão ao tratamento, sendo as recomendações da sua prática nos doentes com hipertensão arterial (HTA):

-Doentes com HTA moderada, controlada pelo medicamento, sem atingir órgãos alvo: desporto autorizado, praticamente sem restrições;

-HTA borderline – medidas terapêuticas não farmacológicas (desporto autorizado);

-HTA não controlada pelo tratamento: autorizados desportos de fraca intensidade;

-HTA controlada pelo tratamento mas com atingimento de órgão alvo: autorizado desporto de fraca intensidade;

-HTA secundária (ex.: rim poliquístico / rim único) evitar desportos de contacto (Coutinho, 2000).

 

O exercício físico regular permite uma redução da dose dos fármacos utilizados na hipertensão arterial, bem como melhora a qualidade de vida (Coutinho 2000)

Os principais objetivos em doentes com este tipo de patologia, com uma determinada prescrição de exercício físico, são um recondicionamento ao esforço com um óbvio intuito de ganho funcional. Os parâmetros que estabelecem os limites estão relacionados com a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a tensão arterial. Deve optar-se pelo exercício aeróbico, que envolva a contracção rítmica de diversos grupos musculares – marcha, corrida, natação, ciclismo, etc. – evitando os desportos de elevado impacto. Se a finalidade da prática do exercício é obter ou melhorar a condição física, é preferível que seja isotónico e aeróbico. Quanto a ser contínuo ou descontínuo, ambos podem ser úteis para melhorar a preparação física. O descontínuo, dependendo do tipo de exercício que se pratique, poderá ser mais bem tolerado.

Os benefícios da atividade física para a população hipertensa estão já largamente documentados e incluem benefícios gerais (um aumento de bem estar físico e mental, uma ação benéfica sobre o stress, uma promoção da actividade social, um tempo de descanso das preocupações habituais, um aumento a percepção de competência, uma melhoria da percepção da imagem do corpo) (Ribeiro, 2005).

Assim, o exercício físico deve ser entendido como um adjuvante no tratamento da hipertensão arterial e não um substituto de qualquer terapêutica, mas quando bem realizado, leva mesmo à diminuição de gastos pelo menor consumo de fármacos e terapêuticas de reabilitação (Henriques e Aroso, 2003).

A realização de exercício físico de forma regular e moderada é uma excelente maneira de ajudar a controlar a doença. No entanto, antes da sua prática o doente hipertenso deve consultar o médico para verificação do estado cárdio-circulatório.

É provável que os benefícios – indiscutíveis – da actividade física regular para o bem-estar físico e mental das pessoas se devam, em parte, às atitudes geralmente adoptadas pelos que aderem aos programas de exercícios físicos, em menor grau, pelos que desenvolvem esforço físico regular no curso da actividade profissional. É possível que a menor prevalência de doenças coronárias e a maior longevidade das pessoas activas em relação às sedentárias se devam tanto a efeitos directos e intrínsecos da actividade física como a outros indirectos. Entre os efeitos directos incluem-se:

• Melhoria da condição física – o indivíduo é capaz de fazer determinado esforço, gastando menos energia e com menor sensação de cansaço do que se não estivesse acostumado ou condicionado à prática de actividade e/ou exercícios físicos. A melhor condição física é resultado do aumento da capacidade funcional dos pulmões, maior eficiência mecânica dos músculos, melhor transporte de oxigénio e diminuição da resistência oposta pelas artérias ao esvaziamento do coração;

• Diminuição da frequência cardíaca em repouso, consumindo-se portanto menos oxigénio;

• “Queima” de gorduras – na pessoa fisicamente activa a energia despendida advém mais das gorduras do que dos carbo-hidratos, ao contrário dos pouco activos;

• Possível e não comprovada a elevação da fracção HDL do colesterol, o colesterol “bom”.

Os benefícios indirectos relacionam-se com os aspectos psicossociais. O alívio da tensão e da ansiedade obtido pela actividade física regular resultante numa sensação de bem-estar benéfica e resultará em maior capacidade de trabalho e melhoria da qualidade de sono e apetite (Silva, 2001).

O esquema de programa do doente hipertenso deve ser personalizado em função das suas necessidades e estar de acordo com o seu contexto físico. Antes de começar qualquer tipo de actividade é necessário um exame clínico, no qual o médico verificará as condições de saúde para a prática de exercício.( Silva, 2001 )

A Sociedade Brasileira de Cardiologia e os órgãos competentes internacionais recomendam que os indivíduos hipertensos iniciem programas de exercício físico regular, desde que submetidos à avaliação clínica prévia. Os exercícios devem ser de intensidade moderada, de três a seis vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos de duração, realizados com frequência cardíaca entre 60% e 80% da frequência cardíaca máxima ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigénio (Cléroux et al., 1999; SBC, 2002).

Para minimizar o impacto da hipertensão arterial sobre a sociedade moderna, são aventadas possibilidades de terapias não farmacológicas que poderiam ser aplicadas com sucesso a pacientes com hipertensão arterial essencial leve. Entre elas, destaca-se a realização de actividade física dinâmica, também chamada de actividade física aeróbica. Um número elevado de estudos indica que este tipo de actividade realizada sistematicamente poderia promover a redução de 10 mmHg, em média, tanto na PA sistólica como na PA diastólica, nos indivíduos hipertensos leves, além de poder induzir o desenvolvimento de modificações benéficas relacionadas a outros factores de risco cardiovascular presentes no hipertenso (Paschoal, 2004).


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Hugo Monteiro