Prevenção
A eficácia dos exercícios físicos como método preventivo e de tratamento da HTA é evidenciada na literatura por vários autores (Sociedade Brasileira da Medicina Desportiva, 1996; Forjaz, 1998; Powers; Howley, 2000; Negrao; Forjaz, 2000; Silva; Lopez, 2001; Brandao Rondon; Brum, 2003; Lopes, 2003; Krinski, 2006; Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006) pelo fato de reduzir os níveis de pressão arterial pós-exercício e, consequentemente, o risco cardiovascular global.
Os benefícios obtidos por normotensos e hipertensos com a prática regular de atividade física devem-se às adaptações crónicas do organismo e a um trabalho acima dos níveis de repouso (Krinski, 2006). Consequentemente, o treino físico promove um conjunto de adaptações morfológicas e funcionais que conferem maior capacidade ao organismo para responder ao stress do exercício (Diretriz de Ceabilitação Cardíaca, 2005).
Por outro lado, “pelos conhecimentos adquiridos nas últimas décadas, é possível descrever que após a realização de uma única sessão de exercício físico dinâmico os níveis de pressão arterial diminuem e permanecem abaixo dos níveis pré-exercício” (Laterza; Brandao Rondon; Negrao, 2007). Nesse caso, os autores referem-se aos efeitos agudos do exercício físico, os quais são apresentados pelo Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular (1997) da seguinte maneira:
Os efeitos agudos, também denominados respostas, são aqueles que acontecem em associação direta com a sessão de exercício e podem ser subdivididos em imediatos ou tardios. Os efeitos agudos imediatos são aqueles que ocorrem nos períodos pré-imediato, e pós-imediato rápido (até alguns minutos) ao exercício físico e podem ser exemplificados pelos aumentos de frequência cardíaca e da pressão arterial sistólica e pela sudorese normalmente associados ao esforço. Por outro lado, os efeitos agudos tardios são aqueles observados ao longo das primeiras 24 ou 48 horas (às vezes até 72 horas) que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser identificados na discreta redução dos níveis tensionais (especialmente nos hipertensos), na expansão do volume plasmático, na melhora da função endotelial e no aumento da sensibilidade insulínica nas membranas das células musculares.
Já de acordo com Negrão e Forjaz (2000), tanto o exercício físico agudo, como o exercício físico crónico, caracterizado pelo treinamento físico, podem influenciar positivamente o comportamento da PA.
Segundo Monteiro e Sobral Filho (2004), o aumento relativamente modesto na atividade física, acima dos níveis sedentários, pode ocasionar importantes reduções na PA, e o volume de exercício físico requerido para reduzir a PA pode ser relativamente pequeno, possível de ser atingido mesmo por sedentários.
Estes estudos reforçam a proposta de autores como Eriksson, Taimela e Koivisto (1997 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004) de que o efeito do exercício aeróbio sobre a PA é mais pronunciado devido ao efeito agudo da última sessão de exercício, que às adaptações cardiovasculares ao treinamento físico.
Entretanto, segundo Negrão (2001), ensaios clínicos trazem evidências de que o exercício físico crônico reduz significativamente a PA em pacientes com hipertensão arterial sistêmica.
De facto, prevenir constitui a “forma mais elegante de lutar contra a doença. Ser-se saudável e manter-se nesta situação o máximo de tempo possível, constitui o denominador comum a qualquer habitante deste planeta, independentemente das suas características biológicas e culturais" (Cardoso, 2002).
